quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Capítulo 2 - PROFECIA


Um homem robusto, de mais ou menos 40 anos, com o rosto um pouco severo e uma leve cicatriz perto na sobrancelha direita, se aproximou.
— Quem são vocês? – perguntou tão surpreso quanto o olhar dos garotos. — O que fazem aqui?
— Hã... Boa pergunta. – Peter fez cara de preocupado.
— Qual seu nome, garoto?
— Peter... Peter Matthews. E esse é meu primo, Thomas. – Thomas assentiu.
— A profecia... — Uma mulher indagou e aos poucos as pessoas se reuniam ao redor deles. — Será... É ele? É realmente ele, Gilbert?
— Não sei... A profecia diz –
—... que quando a árvore sagrada de Luthera for iluminada, o escolhido chegaria – a mulher o interrompeu.
Gilbert respirou fundo e analisou os garotos.
— O que fazem aqui?
— Nós... Nós... — Thomas gaguejou.
— Não sabemos. — Peter admitiu.
— Qual dos dois? – Outra mulher de longos cabelos negros, perguntou.
— Eu vi, foi ele! Foi ele que fez a árvore brilhar. — Outra mulher disse apontando para Peter com certa ansiedade.
Gilbert sorriu, seu rosto severo tornando-se acolhedor.
— Nós o aguardávamos.
Peter arregalou os olhos e balançou as mãos no ar.
— Como assim, me aguardavam? Quem são vocês?
— Desculpe pela grosseria, só estamos surpresos. Bem-vindo a Midhtwood, me chamo Gilbert Kronc. — E abaixou levemente a cabeça.
— Que isso? Do que estão falando? — Thomas perguntou incrédulo.
— Shhhh. – Peter sibilou ao primo. — Porque me esperavam?
— Você é o Escolhido, o nosso salvador – respondeu confiante.
Thomas abriu a boca pensando no que dizer e Peter queria rir.
— Do que você está falando?
— A profecia. – A mulher ao lado de Gilbert disse com um tom suave. — Quando a árvore sagrada de Luthera for iluminada, o enviado finalmente chegaria. E você chegou!
— Vocês estão loucos? – Ele sacudiu a cabeça. – Onde estamos? – perguntou assustado, se vendo no meio de um monte de gente lunática.
Gilbert fez cara de dúvida.
— Como assim? Você está em Luthera... Terras dos corajosos e destemidos, onde a luz será sempre perpétua – disse de peito estufado.
— Hã? – Peter se virou para Thomas. – Você está entendendo alguma coisa? Já ouviu falar em alguma Luthera? Estamos na Austrália, não é?
Thomas fez uma cara séria.
— Você ainda não entendeu? — Algo para ele parecia óbvio. — Estamos sonhando. Devemos ter batido a cabeça... Foi isso! – Peter esperou alguns segundos esperando que ele estivesse brincado.
— Você não tá falando sério, tá? Batemos a cabeça e estamos tendo o mesmo sonho?
— Talvez apenas um de nós esteja sonhando, o outro é ilusão. – Thomas disse calmo. – Eu sei que sou eu mesmo.
— Hipótese descartada — contestou.
— Nós já voltamos. — Gilbert se afastou com o resto das pessoas.
Os garotos se aproximaram de uma árvore e se sentaram por lá, apesar do chão parecer úmido.
— Talvez estejam gravando Lost.
— Ah, claro! – Peter disse sarcástico. — Tá vendo alguma câmera por aqui? – E pausou. — Talvez sejam apenas loucos. Mas o que foi aquilo que a árvore fez? Em relação a isso concordo em dizer que foram efeitos especiais.
— Talvez tenha algo nessa mata que deixe as pessoas grogues. – Thomas deu de ombros.
— Acho melhor voltarmos. – Peter se levantou, Thomas foi logo atrás.
— Mas... Por onde? — Os garotos já não viam alguma passagem de luz, e não tinham andando tanto para não ver mais aquela entrada de árvores. Não estava mais lá.
— Garotos, por favor, venham! — Gilbert chamou.
— Pelo menos não querem nos matar. — Thomas disse indo na direção das pessoas.
“Ainda”, pensou Peter. Mesmo que sua vontade fosse sair logo dali, aquelas pessoas eram as únicas que poderiam lhe dizer o caminho de volta.
Ao se aproximarem, Peter se sentiu intrigado por uma garota que estava ao lado de Gilbert. Ela devia ter a mesma idade que ele, talvez mais nova.
Usava um vestido comprido branco de mangas longas e uma blusa azul por cima, que se ajustava perfeitamente ao vestido como um todo, junto com um fino cinto de couro.
Sua pele era branca, mais branca que as pessoas ao seu redor, seus olhos eram chamativos e tão claros e cristalinos quanto a água da ilha. Seus cabelos iam até a cintura, lisos num loiro platinado.
Peter não tirou os olhos dela, assim como ela não tirou dos dele.
— Você é realmente ele? – Ela perguntou, sua voz era aveludada e encantadora.
— Pelo que dizem, pareço ser. – Ele deu um sorriso desconcertado, mal prestando atenção ao que dizia.
— Esta é Lucila Lys, filha de Shaya Lys. – Gilbert a apresentou.
— Prazer. – Ela assentiu.
Ele desvio o olhar, olhando para Gilbert e para as dez pessoas a sua volta, voltando ao seu pensamento inicial.
— Mas se eu sou esse tal de Escolhido, sou escolhido para que?
— Magnus conquistou as Terras dos Reis e está se dirigindo para oeste. Você deve detê-lo. – Lucila disse com certa urgência.
— Wow, calma ai! Quem é Magnus? – perguntou surpreso.
Ela o encarou.
— É o mais terrivel Warlock que essas terras já viram. Você é o nosso salvador e deverá nos tirar dessa escuridão.
Peter olhou para Thomas que parecia querer rir também.
— Desculpe, mas sou o cara errado.
— Tem que ser você... – Lucila se aproximou e pegou sua mão. – Há algo diferente nele – disse a Gilbert, ainda fitando Peter. – Como você não sabe sobre Magnus? Onde estava esse tempo todo? Quem é você?
Ela conscientizou-se de suas mãos na dele e se afastou.
— Sou de Manhattan, Nova Iorque, Estados Unidos... Estou no 2º ano e pode ter certeza que não tenho nada de especial — disse tentando ser esclarecedor. — A não ser me meter em problemas – acrescentou baixinho.
— Manhattan? Estados Unidos? Nunca ouvi falar sobre essas terras — comentou.
— Creio que não somos daqui.

— Vocês realmente não são daqui – disse Gilbert pensativo e os encarou desconfiado. —Venham! – E conduziu a garota e os meninos até um chalé próximo, dizendo as pessoas que já voltariam. 
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